sexta-feira, 13 de agosto de 2010

O sol.

Há tempo vinha caminhando sob o mesmo céu raso, de nuvens tão pesadas que daria para alcançar com as mãos, se não estivesse curvado. Pretensiosos, os chumaços de negro algodão acreditavam que conseguiriam derramar mais lágrimas que aqueles olhos que iam fitando o concreto. Ledo engano. De cima, não dava para ver que apontava para o mesmo chão um largo sorriso. Não se importava de ficar molhado. Aliás, caminhar na chuva era uma das maiores liberdades que podia ter. Tampouco estava lá, sob aquela cúpula negra. Viajava. Estava a salvo, onde não havia fumaça, nem injustiças. Gritos, só os de contentamento. E lá ia ele, tranquilo, sob o sol inocente e doce daquele lugar chamado Davi.