terça-feira, 17 de maio de 2011

Não tão cedo.

Antevendo o descompasso, te digo:
Não tão cedo.
Não queres saber mais, viver mais?
Até que saia o sol, sempre é cedo.

Desta vez, disseste: fica.
À meia luz, já nem falava.
Eu há muito não reconhecia a dúvida.
Da abstinência que pressupõe o medo.

O que fica é a impressão
De que Petrarca estava certo.
E acertou, por duas vezes.

Em sua musa e em seu soneto.
Nós só vivemos três versos.
Até que sejam catorze, fica; ainda é cedo.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Sem saída

E achando que estaria mais seguro, encostou a bunda na parede. Até que ouviu aquele irritante e assustador barulho de furadeira.

terça-feira, 1 de março de 2011

Inquieto

O que te basta? Aquilo que apetece é capaz de saciar? O quanto? Bastar pode ser a medida exata, a pequena felicidade, ou simplesmente acomodação. Acomodado, jamais. Tudo na vida daquele menino era inquieto. Insatisfez-se tanto que nunca parou no mesmo lugar. Disperso? Talvez. Ou talvez o mundo fosse desfocado, pensava. Certo é que grande parte das coisas simplesmente não têm relevância para o seu olhar. Sonhou enquanto deu. E mudou de sonhos enquanto era tempo. Mas sempre há tempo. O tempo nunca basta; tampouco sobra. Mas sempre está lá, lembrando que a próxima hora vai chegar. Cansou do mesmo e do silêncio, cansou do quase, cansou das cores e das dessincronias. Basta. E quando já não basta, o jeito é mudar.