O rapaz acabara de entrar para o time principal de investigadores da polícia. Já no primeiro dia, estava determinado a demonstrar que assimilou bem os ensinamentos da academia. Sabia que era só um garoto, mas tinha certeza de que iria se dar bem, afinal tinha sido o primeiro da sua turma. Na entrada, disseram que ele passaria 3 meses na companhia de um parceiro mais experiente. Não ficou tão empolgado assim em acompanhar um policial mais velho, mas não podia reclamar. Era um sonho que se realizava. Vinha de uma família de 3 gerações de policiais e seria tão famoso quanto seu avô, que fora "macaco" contra o grupo de Lampião. Não eram nem oito da noite quando receberam uma chamada. Que sorte, já no primeiro dia iria investigar um caso de verdade. Nada daqueles exercícios teóricos e chatos do tempo de aspirante. Chegando ao local indicado pelo rádio, encontraram a vítima ainda viva. Um homem de aproximadamente trinta anos, sentado na sala de casa, com uma faca cravada nas costas. Os policiais tentaram falar com ele, acalmá-lo, mas qualquer coisa que dissessem seria mentira. A ambulância demoraria a chegar. Perdido nos últimos pensamentos, o homem olhava fixamente para a porta com um ar pesado, de quem sabe que sairia por ali sem vida. O novato começou a olhar cada detalhe da cena do crime, ao que o tira (desculpe, precisava usar a palavra tira, mesmo sem nunca ter entendido porque os tradutores brasileiros gostam tanto dela) mais velho passou a questionar, ensaiando uma versão tupiniquim do Sherlock com seu fiel escudeiro:
- O que você vê, garoto?
- Duas lesões. Uma frontal, lado esquerdo do peito. Outra nas costas, perfuração do lado direito, uma faca continua cravada na vítima. Não há sinais de luta, a porta não está arrombada. 3 copos de cerveja sobre a mesa.
- Correto. E o que isso quer dizer?
- A vítima conhece o assassino.
- Errado. Você nunca conhece alguém até essa pessoa decidir realmente mostrar quem ela é.
O homem já não respirava.
sábado, 22 de maio de 2010
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